A motorização do skateboard

Se voltarmos no tempo, até na época de Tesla havia algo sui generis, no entanto, se considerarmos os que utilizamos hoje em dia, a versão mais semelhante veio através do estudante de física da universidade de Berkeley, Califórnia, quando na garagem de seu irmão em São Francisco, no ano de 1975, desenvolveu o que foi chamado de Motoboard: tração traseira mono e a combustão.

A idéia foi tão revolucionária que a empresa DBA MotoBoard International sediada em Carlsbad, patenteou o produto iniciando sua produção em série. Porém, a poluição tanto sonora, quanto do meio ambiente, freou os ânimos e impactou na sequência do produto.

O primeiro skateboard elétrico

Muito tempo depois da primeira tentativa, mais precisamente no final de 1997, o surfista americano Louie J. Finkle radicado no sul da California, apresenta então, um novo tipo de skateboard para o mundo que resolveria o problema anterior: O Electric Skateboard. O projeto também ganhou muito destaque, foi patenteado no dia 13 abril de 1999 utilizando um controle remoto wireless.

O ESK8 de Finke atingia uma velocidade de trinta e cinco quilômetros por hora em 4 segundos, constituído de baterias chumbo-ácido, utilizava o usuário como condutor do sinal gerado pelo controle remoto, através de seu gatilho de metal, transferindo um sinal de baixa frequência através dos pés do rider até o receptor.

Do papel para as ruas

A ideia foi rapidamente absorvida pelo então engenheiro Ilan Sabar, natural de Los Angeles, formado na Universidade Stanford. Apaixonado sobretudo pelo skateboard, inicia sua aventura de colocar em prática a ideia do patrício californiano Louie em novembro de 2003.

Sabar desenvolve seu skateboard elétrico a partir de um short com shape de trinta e duas polegadas (oitenta e um centímetros e vinte oito milímetros) composto por bambu e fibras com trucks Caliber.

Uma adaptação divertida ao protótipo, que depois viraria o símbolo da cultura DIY (Do It yourself), ou faça você mesmo, através do vasilhame de plástico Tupperware, que fora utilizado como invólucro (case) para poder acomodar as duas baterias de chumbo selado com 12 volts cada uma, além do charmoso botão liga/desliga com a porta para carregamento.

O ESK8 de Ilan também prevê um suporte para a fixação do motor ZY 7618 de seiscentos watts com a respectiva engrenagem menor, a correia e a polia maior adaptada à roda, para aderir ao conjunto de tracionamento do equipamento.

A resposta foi empolgante ao ponto do engenheiro californiano fundar no mesmo momento a Metroboard Electric Skateboard.

Lança comercialmente então na sequência também, além do shortboard, o modelo intermediário Gravity de 36 polegadas (91 centímetros e quarenta e quatro milímetros), e o longboard Riviera de 41 polegadas (cento e quatro centímetros e quatorze milímetros), todos de shape na mesma composição estrutural.

Houveram outros modelos intermediários no mesmo instante que compuseram o portfólio da Metroboard e que obviamente estarão todos a disposição em nossa área e-boards para melhor aprofundamento, mas basicamente ele utilizou a mesma relação eletrônico-eletrônica para todos eles.

Utilizando íon-lítio

Os primeiros elétricos não tiveram a popularidade esperada, muito em função dos recursos escassos que aquela época oferecia. Era um equipamento pesado, limitado e de certa forma fraco para percursos mais longos e aclives angulados, basicamente feitos para rodar no plano margeando praias e com pouca duração.

Para resolver este grande problema surgiram então a possibilidade de utilizar as mágicas baterias de íon-lítio, carregáveis, leves, muito potentes e de boa confiabilidade.

Nessa onda começou a surfar um australiano de nome Jeff Anning, apaixonado pelo skateboard, que em 2010 funda a Evolve Skateboards.

Esta empresa revolucionaria a indústria com os famosos GT’s, utilizando trucks arrojados, proporcionando movimentos suaves conhecidos como carver (surf simulator), através dos doble king pin e a possibilidade da utilização de rodas tanto para rua como para outros terrenos. Equipados com dois motores, que proporcionavam maior estabilidade, e principalmente potência nos rolês, com elegantíssimos shapes de carbono, que deixava o produto com mais cara de skateboard, leve e compacto. Sua autonomia geravam incríveis 50 quilômetros com as baterias já mencionadas, além de velocidades acima dos 45 km/h.

Febre e ascensão

Em 2012, três jovens formados na Universidade de Stanford, em Palo Alto, California, Sanjay Dastoor, John Ulmen, e Matthew Tran lançam a startup Boosted Boards.

Um revolucionário skateboard elétrico, tracionado por dois motores de 1000 watts cada um, voltados para parte inferior do shape, destacando um belo desenho do famigerado long, bastante leve e compacto, gerando 238 w/h que equivalia próximo a 30 quilômetros de autonomia, movendo-se a incríveis 40 km/h.

O destaque arrojado e encantador do Boosted, chamaria atenção de um famoso produtor de conteúdo digital adepto do sk8, que revolucionaria para sempre a história do skateboard elétrico, influenciando o mundo inteiro.

De fato, o novaiorquino Casey Neistat ficou tão maravilhado com o Boosted, que começou a fazer suas produções sobre o board rodando divertidamente pela caótica e congestionada megalópole americana.

Como a fama do produtor crescia em progressão geométrica, devido a forma irreverente que conduzia seu canal, o número de riders locais e pelo mundo afora que o acompanhavam, também alcançariam grande escala.

Um exemplo bem claro disso foi a ascenção que teve a comunidade conhecida como NYC Eboarding da mesma Nova York de Neistat, que empolgados pela vibe positiva produzida pelo skate motorizado através do youtuber, iniciou a promoção frequente de vários rolês pela cidade tracionando assim a criação de muitas outras pelo planeta.

Com isso, uma fila de espera épica congestionou as vendas do Boosted, tornando-se um objeto desejo de muitos aficcionados pela mobilidade, interação e principalmente diversão que propunha. Podemos dizer então que a história do ESK8 se define antes de Casey e depois dele.

ESK8 Brasil

De maneira pragmática, após este mergulho cronológico na história do ESK8, introduzimos então um pouco de nossa história também, que não se sabe exatamente onde se iniciou, porém foi influenciada no mesmo momento da ascensão retratada nos parágrafos anteriores.

No entanto, é preciso reconhecer que o fragmento mais antigo que temos historicamente do eboard no Brasil é um rider fazendo um rolê super descontraído pela orla da Lagoa no Rio de Janeiro em 2010. Não por menos, ele utilizava um Metroboard elaborados pelo pioneiro Ilan Sabar. O vídeo está no final desta área como respeitosa homenagem ao anônimo eskater carioca.

O engenheiro elétrico curitibano Pedro Paganini de Mio, depois de ter construído seu próprio eboard, gosta da idéia promulgada pelos riders novaiorquinos e sai a procura de outros adeptos utilizando-se dos mesmos mecanismos das redes sociais, e decide no dia 17 de janeiro de 2018 criar o ESK8 Squad Brazil.

A princípio, não tão voltados ao skateboard, concentrado ao lado técnico e curioso do elétrico-eletrônico, com uma linguagem bem mais nerd do que aquela coloquial popular do sk8, amantes do puro lado engenhoso.

ride to perfection passou a ser utilizado continuamente, as discussões nerdianas deram lugar aos rolês mais frequentes e tudo mudou então.

Chegaram novos membros, a hegemonia estabeleceu uma direção mais ampla destinada exclusivamente a paixão pelo skateboard elétrico, surgindo então, de forma muito mais organizada e participativa, o ESK8 Brasil com eventos nacionais e internacionais unindo e solidificando o grupo.